Como cuidar de pacientes com câncer em tempos de coronavírus

A Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) preconiza que esta suspensão não deve acontecer, mesmo na atual circunstância que vivemos. Se o paciente, por exemplo, está com a doença sob controle e consegue manter o tratamento em casa, por meio de medicações orais, essa, certamente, será a melhor opção. Mas a decisão sobre o que fazer é do médico em conjunto com a pessoa que ele assiste.

 

Quanto à melhor forma para lidar com o paciente com câncer neste momento de pandemia, o ideal é que, ao confirmar a consulta, o atendente pergunte [ao paciente] se ele apresenta algum sintoma suspeito de COVID-19. Diante de uma afirmação, o recomendado é entrar em contato com o médico responsável para que este verifique se a pessoa realmente precisa ir à unidade de saúde ou se a consulta pode ser adiada por alguns dias sem que isso prejudique o tratamento.

 

Por outro lado se a periodicidade da quimioterapia não pode sequer ser reduzida, a instituição precisa readequar o espaçamento dos leitos da sala de infusão. Na recepção, deve-se, por exemplo, distanciar as poltronas: uma fica livre e a outra disponível para ser ocupada e assim sucessivamente.

 

Também é importante orientar o paciente a reduzir o número de acompanhantes durante as sessões de ‘quimio’. Neste momento estamos permitindo [no Cetus] apenas um [acompanhante] por paciente, desde que ele não seja do grupo de risco da COVID, isto é, não tenha idade acima de 65 anos nem doenças pré-existentes.

 

É essencial ainda que todos os pacientes e seus acompanhantes, ao chegarem nas unidades de saúde, recebam, imediatamente, uma máscara cirúrgica, além de serem orientados quanto ao uso do álcool em gel. No Cetus, intensificamos a disponibilização do produto em pontos estratégicos da instituição (entrada da clínica e nos locais de maior circulação de pessoas).

 

Esses cuidados se estendem também a todos os funcionários e recepcionistas que trabalham no atendimento direto ao paciente com câncer, afinal a conscientização deve ser coletiva.

 

Neste momento de pandemia é ideal, inclusive, que as unidades de saúde optem pelo trabalho home office para todos os profissionais que não precisam, obrigatoriamente, estarem in-loco, entre eles os trabalhadores do setor administrativo. Essa é uma forma de diminuir o número de colaboradores transitando na instituição.

 

Aqueles que não conseguem fazer o home office em virtude de alguma demanda cuja presença na empresa seja necessária, devem obrigatoriamente recorrer ao uso de máscaras, mesmo que não tenham contato direto com os pacientes, além de higienizarem as mãos com frequência. Essa é uma postura que não protege apenas os pacientes mas toda a comunidade.

 

                                    Dr. Charles Pádua – Oncologista Clínico