Saúde: principal preocupação do brasileiro no pós-pandemia

 

A pesquisa também mostra que no mundo pós-pandemia investir mais tempo em ações de solidariedade com os mais carentes (48%) e a prática de exercícios físicos (42%) também são outras tendências de comportamentos. O resultado evidencia um dos legados que a pandemia de Covid-19 deixará para os brasileiros: a importância do autocuidado e da empatia.

Agora, mais do que nunca, todos nós devemos estar atenos à saúde, tanto física quanto mental, e não nos esquecermos de cuidados simples no dia a dia. Pessoas sem doenças devem se cuidar para não adoecerem, ou seja, priorizar um estilo de vida minimamente saudável. Manter uma alimentação equilibrada, abandonar o cigarro e acabar com o sedentarismo podem ser fortes aliados nesta mudança de comportamento. Os hábitos de higiene, muito disseminados nesta pandemia, também devem permanecer, mesmo quando ela passar, afinal a limpeza correta das mãos, reduz em 40% a incidência de infecções.

         Quanto ao papel do governo, acredito que o investimento constante em pesquisas clínicas é mais que necessário: é crucial. A espera por uma vacina para o coronavírus, por exemplo, evidencia essa necessidade. Em nossa história recente nunca ficamos tão dependentes da ciência quanto agora. Se o investimento em pesquisas acontecesse de forma contínua, talvez não haveria a necessidade de um grande montante ser destinado agora, nos momentos de urgência.

         Não posso esquecer também da importância do Poder Público gastar mais com saúde. E a preocupação tem motivo. Segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil investe 9,2% do PIB [soma de todas as riquezas produzidas] nesta área. O valor é pouco acima da média dos 37 países-membros da OCDE, a maioria ricos, que é de 8,8% do PIB. Mas no caso do nosso país, boa parte dessas despesas são privadas. A fatia dos recursos públicos investidos [em saúde] representa apenas 4% do PIB, menos da metade do percentual da França, por exemplo.  Se levarmos em conta que no Brasil, mais de 70% da população depende exclusivamente do SUS para ter acesso a serviços de saúde, esse investimento do Governo, infelizmente é irrisório. Entretanto, não podemos negar que sem o SUS a situação seria ainda pior.

 

             Daniella Pimenta – oncologista clínica do Cetus Oncologia