Vacina contra Covid-19: Paciente com câncer deve entrar nos grupos prioritários?

Em carta enviada ao Ministério da Saúde no início deste mês, a Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC) defende que pacientes oncológicos em todo o território nacional sejam incluídos nos grupos com prioridade na vacinação contra a Covid-19. A defesa se baseia nas evidências científicas de que esses pacientes são mais vulneráveis aos riscos de complicações ocasionadas pelo Sars-CoV-2.

 

Outra entidade que também reforça a importância da vacinação para os pacientes oncológicos é a Organização Mundial de Saúde. Baseada na literatura científica produzida ao longo do enfrentamento da pandemia ao redor do mundo, a OMS inclui as pessoas com câncer no grupo de risco para complicações da Covid-19, independentemente do tipo da doença e das circunstâncias do tratamento. Esse entendimento inclui, automaticamente, o paciente com qualquer tipo de neoplasia maligna no grupo prioritário para receber o imunizante. Isso significa que eles não podem esperar.

 

O próprio Plano Nacional de Operacionalização da Vacina contra a Covid-19 citou, nas suas duas primeiras edições, a OMS ao dizer que “idosos e pessoas com comorbidades, tais como pressão alta, problemas cardíacos e do pulmão, diabetes ou câncer, têm maior risco de ficarem gravemente doentes. Apesar disso, as edições seguintes, publicadas nos dias 22 e 29 de janeiro deste ano, excluem o câncer do grupo de comorbidades prioritárias, restringindo-se a incluir na descrição do grupo de imunossuprimidos os pacientes oncológicos que realizaram tratamento quimioterápico ou radioterápico nos últimos seis meses e aqueles com neoplasias hematológicas.

 

O plano federal também se refere ao paciente oncológico ao caracterizar os grupos de risco para agravamento e óbito por Covid-19, ao lado de pessoas com “insuficiência renal, doenças cardiovasculares e cerebrovasculares, diabetes mellitus, hipertensão arterial grave, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), anemia falciforme, obesidade mórbida e síndrome de Down, além de idade superior a 60 anos e indivíduos transplantados de órgãos sólidos.

 

Diante desta incoerência do plano ao se referir ao paciente oncológico como grupo de risco e não o incluir nos grupos prioritários para vacinação, é importante que o Ministério da Saúde expresse objetivamente a necessidade dessa população de ser vacinada urgentemente.

 

A vacina salva vidas, é um produto da ciência e, por isso, extremamente confiável e capaz de conter o coronavírus. Sendo assim, jamais cogite a possibilidade de não se imunizar. E mesmo após tomar a primeira dose, continue usando a máscara, higienizando as mãos com frequência e mantendo o distanciamento mínimo de 1,5 metros de outras pessoas. Só quando a cobertura vacinal for alta, com 80% ou mais da população vacinada, é que poderemos tirá-la. Se você quer mesmo arrancá-la, é tão fundamental não negar a vacinação. Quanto mais depressa formos protegidos mais rápido deixaremos para trás esse triste capítulo da nossa história.

 

                                      Leonardo Brescia – Diretor Assistencial