Julho Verde: mês de prevenção ao câncer de cabeça e pescoço

Conhecida como Julho Verde, a campanha promovida pela Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP) tem o intuito de chamar a atenção para a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de cabeça e pescoço. De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), a cada ano surgem 43 mil novos casos de tumores que envolvem essas regiões do corpo humano enquanto o número de mortes chega aos 10 mil.      

 

O cenário deve ser ainda pior neste 2021, por conta da pandemia. O medo da população de procurar ajuda médica pode contribuir para um diagnóstico tardio. Quando a doença é detectada em estado já avançado, as chances de cura ficam em torno de 40%, enquanto a probabilidade em tumores precoces pode chegar a 90%.

 

Vários órgãos são afetados pelo câncer de cabeça e pescoço, entre eles a laringe, responsável pela emissão do som, a fala. A faringe, a cavidade nasal e a tireoide, [glândula que fica localizada na parte anterior do pescoço, conhecida popularmente como gogó], também são suscetíveis à doença. Nesta última, porém, a incidência de câncer é maior em mulheres, sendo o quinto mais comum entre elas, conforme o Inca.

 

Sintomas

 

Os sintomas dos cânceres de cabeça e pescoço variam de acordo com o órgão afetado. Um dos sinais de um câncer de laringe, por exemplo, é a rouquidão duradoura por mais de três semanas, além da alteração do timbre da voz. Tumores muito grandes nessa região também podem levar o indivíduo a ter dificuldade de respirar. Isso porque o ar passa pela laringe, até chegar à traqueia e, posteriormente, aos nossos pulmões.

 

Na cavidade nasal, o sintoma mais comum é o sangramento. Outro possível indício de câncer é o aparecimento de caroço no pescoço, nódulos não dolorosos, que podem, inclusive, ser vistos ou apalpados pelo próprio paciente.

 

Sempre que qualquer alteração física surgir em órgãos compreendidos entre a cabeça e o pescoço, o ideal é buscar a ajuda de um especialista para avaliação clínica, que muitas vezes pode ser feita por um médico ou dentista, sem a necessidade de equipamentos especiais. Em caso de lesão suspeita, será solicitada uma biópsia ou exames de imagem, como tomografia ou ressonância magnética.

 

Uma vez constatado o diagnóstico, o tratamento vai depender da localização, características e extensão do tumor, que pode incluir cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, realizadas isoladamente ou em combinação.

 

Fatores de risco

 

Existem, basicamente, três fatores causadores do câncer de cabeça e pescoço: tabagismo, consumo excessivo de álcool e contaminação pelo vírus HPV. Este último, por exemplo, é um importante fator de desenvolvimento do câncer de faringe. Uma das formas de contágio por essa infecção ocorre quando a pessoa com o papilomavírus (HPV) faz sexo oral sem proteção e em pessoas com múltiplos parceiros.

 

O perigo fica ainda maior quando esses fatores são associados. Pessoas que fumam há muito tempo, por exemplo, têm riscos 20 vezes maiores de desenvolverem algum câncer de cabeça e pescoço. Quando há também o consumo de álcool, essa chance sobe para 25 vezes.

 

 

 

Prevenção

 

Para prevenir o câncer de cabeça e pescoço, o cigarro deve ser banido, assim como o consumo excessivo de álcool. Já em relação ao HPV, alguns estudos demonstram que a vacinação feita nas meninas de 9 a 14 anos e nos meninos de 11 a 14 pode proteger da enfermidade. O SUS, inclusive, fornece gratuitamente as doses. O mesmo, porém, não se aplica aos adultos. Como a maioria deles já entrou em contato com o vírus, a vacina provavelmente não oferecerá proteção.

 

                                              Tracy Dias, oncologista clínica