Minas terá quase mil diagnósticos de leucemia, por ano, até 2025
Levantamento do Instituto Nacional do Câncer (Inca), para o triênio 2023-2025, aponta que Minas Gerais terá 990 casos de leucemia, por ano. Em Belo Horizonte a projeção é de 170 novos diagnósticos anualmente, o que corresponde a 51% das detecções no estado ao longo do período estimado.
Volta e meia a doença ganha os noticiários, principalmente por acometer artistas e celebridades. Recentemente, por exemplo, a influenciadora digital Fabiana Justus, filha do apresentador Roberto Justus, revelou em rede social estar com leucemia mieloide aguda, condição que, representa um quadro grave da enfermidade.
A doença se desenvolve de forma muito rápida e é marcada pelo crescimento descontrolado de células sanguíneas na medula óssea, tecido líquido que ocupa o interior dos ossos onde são produzidos os componentes do sangue, glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas, todos com função vital e de defesa do organismo.
A evolução da doença aguda pode variar de semanas a dias, diferentemente dos subtipos crônicos, cujo crescimento é mais lento. De modo geral o paciente começa a sentir uma fadiga intensa, cansaço demasiado ao fazer pequenas atividades físicas, além de sangramento, palidez, entre outros sinais.
Normalmente as leucemias provocam um aumento significativo do número de leucócitos, também chamados de glóbulos brancos. A queda da hemoglobina, característica dos quadros de anemia, pode ser outro indicativo do problema, além de queda do número de plaquetas. Todos esses parâmetros podem ser analisados no hemograma. Constatada qualquer anormalidade, o paciente deve ser encaminhado a um hematologista de modo que o profissional faça uma investigação complementar e mais apurada.
Na fase de investigação, um dos exames geralmente recomendados é o mielograma, avaliação da medula óssea cujo objetivo é analisar a morfologia e produção de células sanguíneas. O método é feito com uma anestesia local para que uma agulha seja introduzida no osso do paciente para a realização da aspiração de uma parte do tecido, com retirada de um pequeno fragmento de osso. Após ser coletado, o material é enviado para laboratório para identificação ou não de células malignas que afetam os glóbulos brancos, vermelhos e plaquetas do sangue. Junto ao mielograma, é feito também a imunofenotipagem, método de alta complexidade que analisa a maturação das células nas neoplasias hematológicas. Através dela é possível definir se um paciente é portador de uma leucemia e seu tipo específico.
Normalmente, as leucemias agudas são mutações novas nas células sanguíneas, que se desenvolvem depois do nascimento, podendo afetar, inclusive, pessoas de qualquer faixa etária, portanto o surgimento da neoplasia não está ligado a fatores hereditários. Existem, porém, algumas doenças hereditárias que predispõem a pessoa a ter leucemia.
Cenário de tratamento e cura
Graças às novas medicações, nos últimos anos houve uma melhora significativa nas taxas de resposta dos pacientes em tratamento contra as leucemias.
Hoje é possível tratar de forma mais assertiva as infecções que acontecem durante o tratamento, oferecer novos tipos de terapia, entre elas a chamada terapia com células CAR-T, através do qual as células de defesa [do paciente] são modificadas em laboratório para aprender a eliminar a doença. Depois, são recolocadas no organismo, potencializando o combate natural do corpo ao câncer. Normalmente temos conseguido uma taxa de cura bem maior nas crianças.
Porém, mesmo diante da melhora do cenário, é fundamental que as pessoas se cadastrem nos bancos de sangue estaduais - no caso de Minas Gerais o Hemominas - para se tornarem possíveis doadores de medula óssea, usada nos casos onde há necessidade de transplante.
A estimativa é de que a chance de se encontrar um doador compatível é de 1 em 100 entre doadores aparentados e 1 em 100 mil entre não aparentados. Por isso é necessária uma grande quantidade de voluntários para assim aumentar a possibilidade de encontrar um doador compatível.
Pedimos também para que as pessoas não deixem de procurar assistência médica já nos primeiros sinais da enfermidade. Só assim será possível um diagnóstico mais precoce e um caminho mais assertivo até a cura.
Saiba mais como se cadastrar à doação de medula óssea neste link: https://www.mg.gov.br.
Dr. Gustavo Magalhães, Hematologista