Medicina Oncológica Registra Avanços
Minas Gerais tem previsão de 78.100 novos casos de câncer entre 2023 e 2025, o que representa mais de 234 mil ocorrências até o próximo ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). Embora a doença ainda seja desafiadora para a ciência, descobertas recentes trazem esperança aos milhares de pacientes. Uma delas refere-se ao uso de imunoterapia associada à quimioterapia, que vem aumentando a expectativa de vida de mulheres com câncer de mama triplo-negativo, considerado de alto risco. Esse tumor é um dos mais desafiadores, pois é agressivo e apesar de responder ao tratamento convencional responde melhor a associação terapêutica mencionada.
Um estudo apresentado no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica (Esmo), realizado recentemente em Barcelona, na Espanha, mostrou melhora na sobrevida de mulheres com a doença em estágio inicial que se submeteram ao tratamento conjunto antes da cirurgia e, depois, continuaram com a imunoterapia. Em cinco anos, 86,6% das pacientes desse grupo estavam vivas, comparado a 81,2% das que receberam apenas a quimioterapia e a ressecção do tumor. Esses resultados são, indiscutivelmente, promissores, contudo, é importante ressaltar que ainda é escasso o acesso da população às novas tecnologias, haja vista que elas são muito caras.
Nesse sentido, é essencial a inclusão das novas terapias no sistema público de saúde para assim oferecer a maior parte dos brasileiros a possibilidade de melhores prognósticos.
Outra boa notícia na oncologia – ainda pouco disseminada - é a possibilidade de mulheres detectarem precocemente o câncer de mama através de um mapeamento genético gratuito feito pelo SUS antes que o tumor se manifeste. O exame analisa os genes BRCA1 e BRCA2, responsáveis por predisposições hereditárias à doença.
A iniciativa ganhou força a partir da Lei nº 7.049/2015, conhecida como “Lei Angelina Jolie”. Em 2013, a atriz norte-americana revelou ao The New York Times que realizou uma mastectomia profilática bilateral (cirurgia para retirar os dois seios) depois de identificar a mutação genética BRCA1, que aumenta significativamente o risco de câncer de mama.
A lei de 2015 permitiu ao governo do Rio de Janeiro firmar convênios com o SUS para oferecer exames de detecção das mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 a mulheres com histórico familiar de câncer de mama ou ovário. Depois disso, outras unidades da Federação criaram legislações semelhantes: Minas Gerais (2019), Goiás e Distrito Federal (2020), e Amazonas (2021).
Estar a um passo à frente da doença é sempre muito importante. Paramos só de tratar e passamos, efetivamente, a evitá-la. Vale lembrar, porém, que o teste genético só é indicado para pessoas com casos de câncer na família.
Homens mais Conscientes
Nos últimos anos, os homens têm ficado mais conscientes quanto à prevenção ao câncer de próstata, o principal tumor masculino, que pode ser detectado precocemente através do toque retal, indicado a partir dos 50 anos de idade. De modo geral, os homens a partir dos 40 anos estão começando a buscar o urologista, o que corrobora para a prevenção precoce. As novas gerações, também, já demonstram menor preconceito e, portanto, buscam por mais informações para orientar os idosos e incentivá-los a iniciar o rastreamento em tempo hábil.
Charles Pádua, Oncologista