Dezembro Laranja: casos de câncer de pele em MG devem aumentar quase 40% até 2025
Mês marcado pela campanha da Sociedade Brasileira de Dermatologia, o Dezembro Laranja conscientiza a população sobre a prevenção ao câncer de pele. De fato, as campanhas são extremamente necessárias, já que os casos da doença em Minas Gerais devem aumentar em quase 40% até 2025, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca). Ainda de acordo com a entidade, o tumor é o tipo mais comum no Brasil - representa 33% dos diagnósticos de neoplasias do país.
Os grupos mais suscetíveis à doença são os indivíduos de cabelos e olhos claros, ruivos, com ancestrais mais brancos/nórdicos, cuja pele queima facilmente na exposição solar. Eles, preferencialmente, devem usar chapéus, camisas de proteção ultravioleta, óculos de sol, de modo que as células epiteliais não sofram com o risco da superexposição solar e com isso passem por mutações. Independentemente de o contato com o sol ocorrer antes das 10h ou após às 16h – horários considerados permitidos pela comunidade médica – é essencial se proteger.
As áreas mais expostas ao sol, como o rosto, colo e membros, merecem atenção redobrada, por serem propensas ao aparecimento de lesões sugestivas de um câncer de pele. Ao invés de serem redondas como uma verruga, as lesões são mais geográficas, com os bordos não bem definidos ou limitados. Elas costumam também ser elevadas e sem coloração uniforme, sendo mais enegrecidas em algumas partes e claras em outras. Às vezes podem ter sinal de sangramento quando tocadas.
Os tumores de pele se dividem em melanoma e não-melanoma. Com origem nos melanócitos (células produtoras de melanina, substância que determina a cor da pele) o primeiro é mais frequente em adultos brancos. Pode aparecer em qualquer parte do corpo, na pele ou mucosas, na forma de manchas, pintas ou sinais. Nos indivíduos de pele negra, ele é mais comum nas áreas claras, como palmas das mãos e plantas dos pés. Essa versão é a mais grave, devido à sua alta possibilidade de provocar metástase (disseminação do câncer para outros órgãos. A boa notícia é que representa menos de 5% das neoplasias malignas do órgão.
Já o tipo não-melanoma corresponde a cerca de 30% de todos os tumores malignos registrados no País e, se subdivide em carcinomas basocelular e epidermoide. O primeiro é frequente em 70% dos diagnósticos, enquanto o segundo ocorre em 25 a 30% dos casos.
O tratamento para o câncer de pele é cirúrgico e curativo. O basocelular, por exemplo, chega a ter 95% de chances de cura se descoberto e tratado precocemente. Nesse sentido, procurar o atendimento médico ao detectar lesões suspeitas em partes do corpo naturalmente mais expostas, é fundamental para um bom prognóstico.
Felizmente, os tratamentos têm evoluído até mesmo para os casos mais graves. Hoje os tumores não-melanoma em estágio avançado já são tratados, por exemplo, com imunoterapia e terapias-alvo, medicamentos que induzem o sistema de defesa a reconhecer células cancerígenas em mutação e eliminá-las, o que é primordial para o êxito e qualidade de vida do paciente, já que as células saudáveis não são impactadas, reduzindo assim os efeitos colaterais.
Todos nós temos a oportunidade de evitar uma doença que pode provocar metástase em vários órgãos e, nessas situações, diminuir as chances de cura. Nesse sentido como grande parte da população não sabe distinguir o que é um câncer de pele melanoma ou não-melanoma e nós, médicos, também não sabemos qual tipo o indivíduo terá, o melhor caminho é se prevenir, se expondo ao sol no tempo ideal, antes das 10h ou após as 16h, mas sem jamais abandonar a proteção.
O uso de protetor solar com FPS acima de 30, roupas com proteção UV quando a exposição ao sol for inevitável e diária, no caso dos trabalhadores que que ficam expostos o dia inteiro, e visitas frequentes ao dermatologista para exame da pele, couro cabeludo e outras áreas expostas, são outras medidas preventivas cruciais.
Dra. Nara Andrade - Oncologista