Casos de estresse e ansiedade crescem 80% com pandemia
Infelizmente esse cenário já era esperado, haja vista que o coronavírus descontrolou vários aspectos de nossa vida: ficamos temerosos com o futuro e com medo de perdermos pessoas queridas para a doença. Com a pandemia os projetos ficaram parados, a casa mais cheia, as tarefas dobraram. Isso sem falar da falta de dinheiro gerada pelo desemprego em milhões de lares brasileiros e das próprias privações do isolamento social. Tudo isso acarreta em um estresse muito grande, principalmente porque o ser humano, de modo geral, gosta de se sentir no controle das coisas, seguro, confortável. Comparo a Covid-19 como uma espécie de cratera que se abriu repentinamente a nossa volta, derrubando todas as nossas certezas e convicções.
O estudo da UERJ mostra também que as mulheres são as mais afetadas por problemas emocionais em decorrência do isolamento social, o que para mim pode ser explicado por inúmeros fatores. Um deles se deve a questões histórico-culturais. Ao longo dos tempos nos cobramos [e fomos cobradas] no sentido de conseguir fazer tudo, dar conta de tudo. Também é importante dizer que com a emancipação feminina, ocupamos postos importantes na sociedade, o que é superlegítimo, mas, em compensação, além de exercermos esses novos papeis, muitas de nós continuaram desempenhando a função de cuidadoras da casa. E agora, por não terem o apoio das escolas [que estão fechadas], começaram a realizar 1001 tarefas, o que culmina em um estresse intenso dentro de casa. Para aquelas que não têm o apoio dos companheiros, essa sobrecarga infelizmente é ainda maior.
Diante de todo esse descontrole emocional que 2020 trouxe para as nossas vidas, não nos resta outra opção a não ser tentar readaptar a rotina e conseguir lidar com os próprios problemas. Acredito também que o momento, agora, é de buscarmos coisas menos grandiosas no dia a dia, mas que podem ser igualmente prazerosas àquelas que experimentávamos antes da pandemia: observar o nascer e o pôr do sol, transformar o que é negativo em positivo e abandonar o espírito de resignação. Adequar-se ao ambiente talvez seja uma boa opção: já que você não pode sair de casa, o que de melhor é possível fazer dentro dela?
Porém, quero ressaltar que cada pessoa é individual, ou seja, deve perceber o que é melhor para si e estar atenta aquilo que lhe tira do eixo. Ao detectar seus pontos de tensão, ela deve parar e começar a buscar formas de eliminar as toxicidades de sua vida.
Adriane Pedrosa – Psicóloga do Cetus Oncologia