Fumantes têm 45% mais chances de complicações com a Covid-19

Neste Dia Mundial sem Tabaco, um importante alerta divulgado pela Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia de São Paulo: a pessoa que fuma, ao entrar em contato com a Covid-19, torna-se ainda mais vulnerável, com 45% mais chances de sofrer complicações de saúde. Isso acontece porque os fumantes apresentam aumento expressivo da ECA2, enzima bastante presente nos pulmões, que permite ao coronavírus se conectar para infectar as células.

 

Também é importante destacar que o tabaco, em suas diferentes formas, [cigarro, charuto, cachimbo, narguilé, cigarro de palha, dispositivos eletrônicos para fumar, etc] contém mais de 4,5 mil substâncias tóxicas. Destas 90 são comprovadamente cancerígenas.

 

E engana-se quem acha que o cigarro está associado apenas ao câncer de pulmão. Ele ainda pode aumentar o risco de câncer de bexiga, esôfago e tumores de cabeça/pescoço, que envolvem laringe, orofaringe e cavidade oral. Isso sem falar de Acidente Vascular Cerebral (AVC), diabetes, hipertensão impotência sexual e doenças respiratórias como bronquite, asma e pneumonia. Todos esses quadros citados podem piorar e/ou agravar o quadro de Covid-19.

 

Apesar do número de fumantes no Brasil ter caído [Segundo o IBGE, em 2019, cerca de 20,4 milhões de brasileiros, 12,8% da população com 18 anos ou mais, eram usuárias de produtos derivados de tabaco. Em 2013, esse percentual era de 14,9%.], entre os que continuam fumando, 34% declararam a um levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocuz) terem aumentado o consumo durante a pandemia. Ainda de acordo com o estudo, este crescimento está associado à deterioração da saúde mental dos tabagistas, com piora de quadros de depressão, ansiedade e insônia. Esse é um cenário muito preocupante, visto que o hábito certamente irá permanecer após a quarentena, já que a nicotina é altamente viciante. Ao ser absorvida, atinge o cérebro entre 7 e 19 segundos, liberando substâncias químicas para a corrente sanguínea que levam a uma sensação de prazer e bem-estar. Essa sensação faz com que os fumantes usem o cigarro várias vezes ao dia.

 

Nesses momentos de turbulência e incertezas que estamos vivendo, ele [o cigarro] acaba se tornando uma válvula de escape, infelizmente perigosa, cujos danos são silenciosos e podem prejudicar o organismo durante anos sem que o usuário perceba. Sendo assim, evitar o tabagismo ou suspendê-lo o mais precocemente possível favorece diretamente a prevenção e os riscos relacionados.

 

Os benefícios para quem deixa o vício no passado são perceptíveis. Veja alguns:

 

- Estudos sugerem que após quatro semanas sem fumar, a função imune nos pulmões já apresenta melhora, o que ajuda a reduzir o risco de complicações do coronavírus e de outras infecções respiratórias.

 

- A pressão arterial e a frequência cardíaca, por sua vez, diminuem depois que o organismo fica livre por apenas 20 minutos do cigarro.

 

- Já a diminuição das taxas de oxigênio no sangue ou nos tecidos, decorrente da intoxicação crônica por gás carbônico, tende a desaparecer depois das primeiras oito horas sem uma tragada.

 

- Após um dia de abstinência, há melhora também da circulação sanguínea e, após duas a 12 semanas, caem os riscos de trombose e doenças cardíacas.

O que você está esperando para deixar o cigarro hoje mesmo! Você consegue!

 

                                                                               Elisa Ramos – oncologista clínica