Agir Salva Vidas
Neste mês, a Associação Brasileira de Psiquiatria, em parceria com o Conselho Federal de Medicina, promove a campanha de âmbito nacional conhecida como ‘Setembro Amarelo’, dedicada à prevenção ao suicídio. A data de hoje, inclusive, é oficialmente, o ‘Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio’.
Cerca de 32 pessoas dão fim à própria vida no Brasil, todos os dias, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). O número corresponde a uma morte a cada 45 minutos. Na década de 1980, um estudo nos EUA afirmava que essas mortes poderiam ocorrer por imitação. O trabalho reforçou, inclusive, a ideia de que “não se pode falar sobre a questão”. Mais de 30 anos depois, a OMS vai na direção contrária, dizendo que, sim, precisamos conversar sobre o suicídio.
O tema não deve jamais ser ignorado, principalmente porque as pressões e frustrações do mundo moderno chegam a cada um de nós de diferentes formas. Alguns, mais sensíveis e vulneráveis, não conseguem lidar com as dores da vida. Por isso, decidem pôr um fim em tudo, de forma imediata. Entretanto, é importante destacar que o suicida não quer morrer, apenas vê a morte como única maneira de acabar com um sofrimento insuportável para ele.
E uma ponderação importante: apesar de o suicídio e a depressão estarem intimamente relacionados, nem toda pessoa depressiva irá necessariamente se matar. Há situações em que o paciente está super bem, mas sofre, de forma repentina, uma perda irreparável ou descobre uma doença grave, que vira sua vida de cabeça para baixo. Se ele não encontrar forças para resistir, pode, infelizmente, desistir.
Por isso, diante de qualquer mudança brusca no comportamento de alguém que se encontra em situações de desesperança, é fundamental que a família ou amigos próximos estejam atentos e disponíveis para acolher e ouvir. Se de repente a pessoa quer se isolar de tudo e todos, não gosta mais de fazer atividades que antes fazia, está reclusa no quarto, com irritabilidade aparente ou avessa a qualquer contato, é bom acender o sinal de alerta. Ela pode estar dando sinais claros de que passa por algum sofrimento, que a impede de sorrir, de enfrentar a vida, apesar dos percalços. Não espere o pior acontecer. É necessário agir.
E se as os amigos e familiares do entorno não se sentirem capazes de lidar com o problema apresentado, recorrer a um especialista que possa fazê-lo mais adequadamente, como um médico, enfermeiro, psicólogo, psiquiatra ou até um líder religioso, pode ser mais que providencial.
Na rede pública, a indicação é procurar os Centros de Apoio Psicossocial (CAPS) do Sistema Único de Saúde (SUS). Por lá, é possível marcar uma consulta com psiquiatra ou psicólogo. Já o Centro de Valorização da Vida (CVV), fundado em 1962 em São Paulo, faz um apoio emocional e preventivo do suicídio pelo número 188.
Adriane Pedrosa – Psicóloga