Cresce o número de problemas respiratórios em decorrência do uso de cigarro eletrônico
A popularização do cigarro eletrônico nos dias atuais tem se mostrado cada vez mais como um fator de risco para a disseminação de doenças respiratórias na sociedade. A presença de diferentes sabores para o aparelho muitas vezes mascara os males que o mesmo traz ao organismo de quem o usa.
O assunto ganhou notoriedade essa semana, após o cantor Zé Neto, da dupla sertaneja Zé Neto e Cristiano, compartilhar em suas redes sociais seu atual estado de saúde. O sertanejo foi diagnosticado com uma mancha em seu pulmão devido ao uso do “vape”. “Zé Neto está com foco de vidro no pulmão, não é nada grave, mas causa um pouco de falta de ar para cantar. Este tipo de problema pode ser resquício do Covid e também é uma das consequências do consumo do Vape (cigarro eletrônico). Ele já está em tratamento”, disse em nota a assessoria do cantor.
A oncologista clínica Daniella Pimenta, que faz parte da equipe médica da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com sede em Betim e unidades em Belo Horizonte e Contagem, acredita que há uma grande preocupação com as pessoas que possuem o uso do cigarro eletrônico como um hábito. “Sabemos que o líquido colocado para inalação dentro do aparelho possui diversas substâncias tóxicas que podem gerar danos irreversíveis”, diz.
A preocupação também é grande em relação aos jovens que têm feito uso do cigarro eletrônico, muitas vezes chamado de “vape”. Ainda de acordo com Daniella a população jovem tem utilizado cada vez mais o aparato em festas e eventos sociais. “Isso faz com que tenham maior predisposição a contraírem doenças pulmonares, ou até mesmo de migrarem para o cigarro convencional, aumentando o risco de câncer de pulmão, esôfago, entre outros”, complementa.
Em pesquisa realizada pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), o uso de cigarro eletrônico aumenta em mais de três vezes o risco de experimentação de cigarro convencional e mais de quatro vezes o risco de uso do cigarro. Essa transição pode ser explicada pela presença da nicotina em muitos desses aparelhos, que causa dependência e pode levar o usuário a migrar para outros tipos de tabagismo, aumentando ainda mais o risco de doenças pulmonares.
A toxicidade das substâncias presentes no “vape” tem sido estudada com frequência pelos maiores institutos de combate ao câncer do mundo. A oncologista ainda acrescenta que em testes com animais há uma associação do câncer de pulmão com o chamado “vaping”. “Acredita-se que deve haver uma relação entre o câncer de pulmão e o cigarro eletrônico, quem sabe no futuro isso possa ser comprovado. O que sabemos atualmente é que as substâncias ali presentes são tóxicas ao organismo”, finaliza a médica.