Avanço na ciência: Teste inédito lançado no Brasil detecta risco de câncer de pulmão até quatro anos antes do diagnóstico
Um teste realizado por meio de amostra de sangue para identificar o risco de desenvolvimento de câncer de pulmão até quatro anos antes do diagnóstico, com acurácia de 92%, já está disponível no Brasil. A Dasa, rede de saúde integrada, criou com exclusividade o EarlyCDT-Lung, método que faz a detecção in vitro de sete autoanticorpos contra antígenos expressos pelo câncer de pulmão. Todos presentes nos estágios iniciais da doença. A análise está disponível na maioria dos laboratórios da rede e pelo serviço de coleta domiciliar.
A novidade é, indiscutivelmente, um grande avanço para a ciência, principalmente porque permite a detecção mais precoce de um tumor que é a neoplasia maligna mais letal no Brasil e no mundo, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA) e a Globocan. Vale lembrar que o diagnóstico precoce faz toda diferença no desfecho clínico. Quando a doença é detectada em estágios avançados, os tratamentos tendem a ser mais invasivos e o prognóstico menos promissor.
Entretanto, deixo uma observação: o método da Dasa é complementar, ou seja, melhora a acurácia no rastreamento da doença e não tem validação ainda para ser utilizado isoladamente. Os tradicionais exames de imagem como a tomografia computadorizada de baixa dose, já utilizados para identificação do câncer de pulmão, continuam sendo recomendados para rastreamento nas populações de risco.
Minha única ressalva é quanto a acessibilidade deste novo exame que, pode ser difícil por não estar nas diretrizes de utilização para cobertura obrigatória no rol da Agência Nacional de Saúde (ANS). Pelo custo, ele provavelmente não será incorporado de imediato ao Sistema Único de Saúde (SUS). Espero que, em um futuro próximo, se as análises de custo-efetividade mostrarem um benefício da incorporação do método junto ao screening já vigente (Tomografia computadorizada de baixa dose para as populações de risco), possamos ter mais uma ferramenta para maior acurácia no diagnóstico precoce do câncer de pulmão. Certamente, muitas vidas serão salvas!
Daniella Pimenta, oncologista clínica