Precisamos falar sobre hipertensão
A hipertensão atinge cerca de um bilhão de pessoas no mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, aproximadamente 35% da população sofre com a enfermidade, segundo dados do Ministério da Saúde, mas metade nem sabe disso, já que, na maioria das vezes a patologia não tem sintomas. Quando eles aparecem é sinal de que a pressão sobe muito. Nesses casos podem ocorrer dores no peito, dor de cabeça, tonturas, zumbido no ouvido, fraqueza, visão embaçada e sangramento nasal. Por outro lado, das pessoas que têm conhecimento, 50% fazem uso de medicação, e, dessas, apenas 45% têm a pressão controlada.
O pior de todos esses dados é o fato de que a hipertensão é o principal fator de risco para doenças cardiovasculares, como infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC), aneurisma arterial e insuficiência renal/cardíaca. Atualmente temos, também, um novo [e grave] problema: pessoas hipertensas, assim como as diabéticas e com outras condições patológicas crônicas, têm mais chances de desenvolver quadros graves do novo coronavírus.
Tipo de hipertensão, tratamento e prevenção
Existem vários tipos de pressão alta. O principal deles é a primária, responsável por 95% dos casos. Trata-se de um quadro que começa mais na idade adulta e, normalmente, em pessoas com histórico familiar da doença.
Entretanto, há também há vários outros fatores que exercem influência. O primeiro é o consumo excessivo de sal. Apesar de ser recomendado no máximo 4g por dia, pesquisas apontam que o brasileiro ingere de 10 a 12g, e isso inclui as quantidades utilizadas no preparo dos alimentos e também o que se encontra nos produtos processados e industrializados - enlatados, embutidos e conservas são alguns. Os demais são tabagismo, obesidade, estresse, colesterol alto, sedentarismo, poluição e diabetes.
Além desses fatores, é comprovado ainda que a incidência da pressão alta é maior entre a população negra e que aumenta progressivamente com a idade - estima-se que 50% das pessoas com mais de 65 anos tenham o problema e 80% das com mais de 75 anos.
Quanto ao tratamento, é importante dizer que a hipertensão, infelizmente, não tem cura. Porém pode ser controlada pelo uso medicamentos, indicados pelo seu médico. O SUS, inclusive, oferece remédios gratuitos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e pelo programa ‘Farmácia Popular’. Para retirá-los, basta apresentar um documento de identidade com foto, CPF e receita médica dentro do prazo de validade, [120 dias]. Ela pode ser emitida tanto por um profissional do SUS quanto por um médico que atende em hospitais ou clínicas privadas.
Além dos medicamentos disponíveis não posso encerrar esse texto sem antes falar da importância de um estilo de vida saudável como forma de controlar ou até mesmo evitar a hipertensão. Vale muito a pena manter o peso adequado. Se necessário, mude seus hábitos alimentares e não abuse do sal. Que tal, por exemplo, descascar mais e desembalar menos? Os alimentos in natura são bem mais saudáveis.
Não se esqueça, também, de adotar a atividade física como um de seus principais hobbies. Ah: se você fuma, abandone já o cigarro. E, por fim, modere o consumo de álcool. Sua vida é seu bem mais precioso. Pequenas atitudes tomadas hoje, impactam de forma grandiosa no seu futuro. Pense nisso!
Dra. Nara Andrade – Oncologista Clínica