Minas aparece na segunda posição entre os cinco estados com maior número de mortes por câncer de próstata
O câncer de próstata, segundo mais comum no Brasil em números absolutos, matou 9.055 mineiros entre 2014 e 2019, o que coloca o estado em segundo lugar no ranking de mortes pela doença neste período. Minas Gerais aparece atrás apenas de São Paulo, que lidera o levantamento com 18.684 óbitos. Rio de Janeiro (8.821), Bahia (7368) e Pernambuco (4437) ocupam a terceira, quarta e quinta posição, respectivamente. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) projetam ainda que até o final deste ano, quase 65.840 homens serão acometidos pela neoplasia.
Em estágios iniciais, o câncer de próstata é uma doença que se manifesta de forma silenciosa, sendo esse um dos maiores impeditivos do diagnóstico precoce, aliado ao fato de que os homens procuram por consultas médicas com menor frequência do que deveriam. E os números comprovam a minha preocupação. De acordo com levantamento da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), que utilizou os dados do Sistema de Informação Ambulatorial do Ministério da Saúde referente a 2022, neste ano foram realizados 1,2 milhão de atendimentos ginecológicos no Sistema Único de Saúde (SUS) contra 200 mil atendimentos urológicos. Essa diferença é ainda maior quando se fala dos adolescentes: enquanto ginecologistas atenderam 74.593 meninas até 18 anos em 2022, o número de meninos que passaram no urologista no ano foi de 5.634. Ou seja: diferença de mais de 13 vezes.
Esse cenário pode contribuir para que, em caso de câncer de próstata, o tumor apareça em uma fase mais avançada. Nessas situações o indivíduo pode sentir dificuldade ou desconforto ao urinar, jato urinário fraco, urinar mais vezes e acordar à noite para urinar. Quando a doença atinge os gânglios, o homem pode ter dor pélvica e edema em membros inferiores. Quando vai para os ossos, podem surgir, por exemplo, as dores ósseas, associadas com potenciais de fraturas e compressão de nervos periféricos ou do próprio cordão medular. Também pode ser detectada a presença de sangue na urina ou no sêmen.
Diagnóstico precoce
Em estágio inicial, o câncer de próstata pode ser curado em mais de 90% dos casos. O porcentual diminui conforme a doença avança. Na fase 1, entre 90% e 95%; na fase 2, acima de 70%; na fase 3, por volta de 40% a 50%; na fase 4 não é mais uma doença curável. Por isso, é fundamental que homens a partir dos 50 anos, mais suscetíveis à doença, mesmo sem apresentar sintomas, procurem um urologista para a realização de exames preventivos. Já para aqueles pacientes com antecedentes familiares para câncer ou homens negros, que também fazem parte do grupo de risco, a indicação é que façam a avaliação mais cedo, a partir dos 45 anos.
A avaliação de rotina realizada anualmente consiste na realização do toque retal e do exame de sangue para analisar a dosagem do PSA (antígeno prostático específico). Em caso de alteração em um deles, é feita a ressonância e biópsia da próstata para confirmar a doença. Posteriormente, outros exames podem ser solicitados.
Além da idade, histórico familiar e raça, obesidade, sedentarismo, má-alimentação e baixa ingestão de fibras também são fatores que podem influenciar no aparecimento do câncer de próstata.
O que é a próstata
A próstata é uma glândula do sistema genital masculino, localizada na frente do reto e embaixo da bexiga urinária. O tamanho desta glândula varia com a idade. Em homens mais jovens, tem aproximadamente o tamanho de uma noz, mas pode ser muito maior em homens mais velhos.
A função da próstata é produzir o fluído que protege e nutre os espermatozoides no sêmen, tornando-o mais líquido. Logo atrás da próstata, estão as glândulas denominadas vesículas seminais, que produzem a maior parte do líquido para o sêmen. Já a uretra, responsável pelo transporte da urina e o sêmen para fora do corpo através do pênis, atravessa o centro da próstata.
O câncer de próstata ocorre quando há uma multiplicação desordenada das células que compõem essa glândula, culminando em tumor maligno que pode acomete-la ou se estender sistemicamente para outras partes do corpo, que é o caso das metástases.
Bruno Muzzi, Oncologista