Queda de 62% em casos de Hepatites Virais em Minas Gerais
O mês de Julho é conhecido por ser o mês de conscientização contra as hepatites virais. A hepatite é uma inflamação do fígado que pode ser causada por vírus ou pelo uso de alguns medicamentos, álcool e outras drogas, assim como por doenças autoimunes, metabólicas ou genéticas.
No Brasil, as hepatites virais mais comuns são causadas pelos vírus A, B e C. Com menor frequência, o vírus da hepatite D (mais comum na região Norte do país) e o vírus da hepatite E, que é menos frequente no Brasil.
De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), os casos de hepatite B tiveram queda de 62% em 2023 na comparação com 2022, passando de 752 notificações para 284 entre um ano e outro. Já as infecções pelo subtipo C do vírus caíram quase 58% no mesmo período: 989 diagnósticos em 2022 e 417 em 2023.
Essa queda deve ser comemorada, principalmente, porque quando crônicas, as hepatites virais aumentam a predisposição do paciente em desenvolver um hepatocarcinoma, tumor maligno que se forma nas células do fígado chamadas hepatócitos e que ocorre, geralmente, quando os pacientes apresentam uma cicatrização grave no órgão, conhecida como cirrose.
Hepatocarcinoma
A apresentação do hepatocarcinoma pode se dar de diversas formas: além do comprometimento do fígado, há chances de aumento das taxas das enzimas TGO (transaminase oxalacética) e TGP (transaminase pirúvica), que sugerem lesão de células na região, seja por infecções, medicamentos, intoxicação, tumores, traumas, dentre outros fatores.
Sintomas:
- Perda de apetite;
- Peso;
- Fraqueza.
O câncer de fígado é um dos poucos em que não é preciso biopsiar.
Diagnóstico: é feito através de ressonância magnética. Quando a descoberta da doença é inicial, a cirurgia é uma opção. Porém dependendo da situação clínica do paciente é possível fazer ainda uma Radioblação ou Quimioembolização.
- Radioblação: procedimento minimamente invasivo no qual um cateter é introduzido no fígado, o que resulta em uma liberação de radiação forte que irá aquecer o tumor e destruir as células malignas.
- Quimioembolização: É um procedimento, cujo objetivo é introduzir medicamentos quimioterápicos no interior do tumor ao mesmo tempo que se interrompe o fornecimento de sangue dos vasos que nutrem esses nódulos.
Há também a possibilidade de transplante de fígado, porém todos esses métodos devem ser bastante estudados, pois há critérios específicos que determinam entre a escolha de um e outro.
O caminho mais assertivo para a doença em estágio avançado é recorrer a um tratamento oncológico com o uso de droga alvo. Apesar de 80% dos hepatocarcinomas serem relacionados aos vírus B e C da hepatite, é importante lembrar que não são apenas os pacientes com essas ISTs na forma crônica que têm maior propensão de desenvolver o tumor.
Transmissão Hepatites B e C
- Sexo sem proteção;
- Compartilhamento de objetos de uso pessoal como lâminas de barbear e de depilar;
- Escovas de dentes;
- Material de manicure e pedicure;
- Equipamentos para uso de drogas (cachimbos, canudos, seringas) sem a devida esterilização;
- Confecção de tatuagem;
- Colocação de piercings com materiais não esterilizados ou descartáveis;
- Podem ser transmitidas de forma vertical, ou seja, durante a gestação ou parto da mãe para o bebê.
Atualmente, como medida de prevenção, existe a vacina disponível no SUS contra a Hepatite B, que é uma arma eficaz para reduzir a incidência de carcinoma hepatocelular, especialmente em áreas onde o vírus é frequente. No caso de algum sintoma, consulte o médico especialista.
Elisa Fontes, Oncologista