Câncer de intestino é a segunda causa de mortes relacionada a tumores

Alerta: a incidência do câncer colorretal, tipo de tumor que se desenvolve no intestino grosso e no reto, vem crescendo em todo o mundo. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), essa é a segunda causa de mortes relacionadas ao câncer globalmente, com quase 2 milhões de novos casos por ano.

Além dos fatores genéticos, a doença está intimamente atrelada ao estilo de vida das populações, o que é extremamente preocupante. No Brasil, por exemplo, as incidências de obesidade têm aumentado: a proporção considerando a população adulta já é de uma pessoa obesa a cada quatro, conforme dados da pesquisa Vigilância de Fatores de Risco de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) 2023, monitoramento anual do Ministério da Saúde.

A obesidade vem acompanhada por outra questão grave: o consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em conservantes, açúcares e aditivos químicos. Todos eles são pobres em fibras, nutrientes importantes na prevenção dos tumores, principalmente porque regulam o funcionamento do intestino, diminuindo o tempo de contato de substâncias que causam a enfermidade com as paredes intestinais. A recomendação diária [de fibras] para um adulto saudável é de 25 a 30g.

O ideal seria se todos nós mantivéssemos os hábitos alimentares das populações que vivem em regiões banhadas pelo Mar Mediterrâneo, entre o sul da Espanha, sul da França, Itália e Grécia.

Já existem estudos científicos publicados que mostram que a chamada dieta mediterrânea, rica em frutas, vegetais, peixes, cereais não refinados, azeite, além do consumo moderado de laticínios, proteína animal e vinho, pode ser uma aliada expressiva na prevenção de tumores.

 

Sinais de alerta

 

Os sintomas mais suspeitos do câncer de intestino incluem sangue nas fezes, mudança do hábito intestinal, dor persistente na região, diarreia prolongada e anemia, entre outros indícios. Diante desse quadro, é importante, em um primeiro momento, procurar um clínico geral ou gastroenterologista para se submeter a uma avaliação, da qual fazem parte alguns exames complementares, como o hemograma e a colonoscopia. Neste segundo método de rastreio, todo o intestino grosso, além da parte final do intestino delgado, pode ser visualizado por meio de um aparelho flexível com iluminação e uma câmera na extremidade. Introduzido pelo ânus, o dispositivo é capaz de detectar e avaliar possíveis lesões na região, como tumores ou pólipos.

 Realizada geralmente sob sedação endovenosa, a colonoscopia permite que o paciente durma e não sofra nenhum desconforto durante o procedimento.  Indicado para homens e mulheres a partir de 45 anos, o método também possibilita a retirada de tecido para biópsia e a realização de procedimentos simples, como a polipectomia (remoção de pólipos intestinais), mucosectomia e resseções submucosas, que podem mudar a evolução natural de uma lesão pré-maligna ou de um câncer precoce.

Em caso de diagnóstico confirmado, felizmente, hoje, os tratamentos estão mais assertivos, porém o sucesso deles vai depender do grau de agressividade do tumor.

Obviamente quando o paciente descobre a doença ainda precoce, as chances de cura são maiores. Para a prevenção é importante não apenas hábitos alimentares saudáveis, como também um estilo de vida equilibrado, o que engloba a prática de atividade física, não fumar e nem ingerir bebidas alcoólicas. Todas essas medidas corroboram para diminuir o risco da neoplasia.

 

Daiana Ferraz, Oncologista