Conheça o Câncer Linfático e a sua Forma de Prevenção
O Deputado Estadual Eduardo Suplicy (PT) anunciou que está em remissão de câncer linfático após quatro meses de tratamento. Em comunicado publicado nas redes sociais, o político comemorou a notícia.
"Depois de quatro meses de batalha, finalmente foi constatada a remissão do meu linfoma. Continuo o tratamento, ainda falta uma sessão de imunoterapia, e como minha imunidade está muito baixa, mantenho isolamento parcial", escreveu o político na sua página oficial no Instagram.
O tumor abrange uma enorme gama de enfermidades – cerca de 300, considerando os diversos subtipos - incluindo doenças da medula óssea, células do sangue e alguns tipos de leucemias.
Os cânceres linfáticos podem surgir em qualquer pessoa, desde crianças, adultos a idosos. Geralmente o diagnóstico é muito variável, mas as características clínicas, são febre, perda de peso, fadiga, cansaço, aumento do fígado e do baço, além de inchaço nos gânglios linfáticos, pescoço e região da virilha. Para o diagnóstico definitivo, é preciso biopsiar algum desses linfonodos.
Os cânceres linfáticos são originados a partir de mutações nas células sanguíneas, que se replicam inadvertidamente, de modo acelerado, infiltram tecidos e não morrem. Todas as nossas células têm um ciclo de vida. Nascem, crescem, reproduzem e morrem. Porém, as células cancerígenas vão na contramão desse fluxo. Elas não morrem, o que causa vantagem para elas e desvantagem para as células normais.
Quanto aos tratamentos dessas doenças, hoje, eles estão cada vez mais modernos. Há, inclusive, tipos tumorais que sequer demandam indicação de terapias.
O paciente será acompanhado, às vezes, por meses/anos, mas sem necessidade de tratar. Agora, existem aqueles que precisam ser tratados rapidamente. Vale informar ainda sobre a existência de exames moleculares e moléculas-alvo para tratar os cânceres linfáticos. Obviamente eles não são para todas as doenças e todas as pessoas, porém quanto mais dados nós tivermos sobre a biologia molecular de uma enfermidade, bem como sua característica molecular, maior a chance de se fazer um tratamento direcionado, com menos efeitos colaterais, menor toxicidade e mais sucesso.
Prevenção
A prevenção aos cânceres linfáticos é um assunto muito debatido pela medicina oncológica atualmente, haja vista que a doença é multifatorial. Há várias mutações, inclusive, que não são possíveis de se explicar exatamente a origem.
De modo geral, uma vida baseada em atividades físicas e alimentação saudável parece prevenir esse tipo de câncer. A gente sabe, também, que o tabagismo é fator de risco para uma série de neoplasias, então evitá-lo pode corroborar para minimizar o risco dos cânceres linfáticos, assim como evitar radiação ionizante, ou seja, ser exposto a exames de imagem desnecessariamente. Contudo ainda assim é impossível dizer que uma pessoa que evitar tudo isso não terá uma doença hematológica. Estatisticamente as chances são menores.
Cura em medicina, de modo geral, significa ficar livre de uma doença. Mas precisamos enfatizar que muitos cânceres - por mais que tenham o pesar da palavra - não necessariamente vão levar o paciente ao óbito ou trazer algum prejuízo muito rápido. Então, por vezes, o que a gente quer, na verdade, é que esse paciente tenha o controle da doença.
A medicina, nesses casos, vai controlar os sintomas, permitindo que vivam muito bem com suas condições por anos e anos. Quando falamos de câncer, o objetivo acaba sendo o mesmo: queremos, na verdade, oferecer um tratamento que o paciente consiga tolerar, sem prejuízos, e assim ter uma boa qualidade de vida, tempo livre de doença ou tempo livre de sintomas, mesmo que isso custe usar uma medicação por mais tempo ou ter mais visitas ao médico. Claro que quando a cura for possível, a toxicidade do tratamento não for proibitiva e o sucesso do [tratamento] for alto, obviamente tentaremos [a cura], mas nem sempre ela é ou será o nosso alvo.
Edson Carvalho, Hematologista