
BH está entre as 10 capitais brasileiras com maior percentual de fumantes
Neste Dia Mundial sem Tabaco, uma notícia nada agradável: Belo Horizonte ocupa o 10º lugar entre as capitais brasileiras com o maior percentual de homens fumantes (12%). Quando são analisadas as mulheres, o índice é ainda mais alarmante. O consumo de tabagismo feminino por aqui coloca BH na sétima posição, no ranking nacional, com 8% de usuárias de tabaco. Os dados são da pesquisa Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), cuja edição mais atual foi realizada em 2023 pelo Ministério da Saúde com adultos acima dos 18 anos.
Falar sobre o vício do cigarro é sempre necessário e urgente, afinal ao serem ingeridas e passarem pelo corpo, suas cerca de quatro mil toxinas vão causando danos por muito tempo às células do organismo, que sofrem mutações e podem se transformar em células cancerosas. O alcatrão, por exemplo, é cancerígeno. Pesquisas mostram que ele aumenta em 40 vezes a possibilidade de um fumante desenvolver cânceres de pulmão, bexiga e de pele, entre outros.
Outra toxina encontrada no cigarro, é a nicotina. Além de ser viciante, ela atinge o cérebro entre sete e 19 segundos liberando uma falsa sensação de prazer, mas, com o consumo contínuo, cresce também o risco de se contrair doenças crônicas não transmissíveis que podem levar à invalidez e à morte.
Fumantes passivos também possuem riscos de contrair não só o câncer como outras doenças do trato respiratório. Por isso, a decisão de parar de fumar, deve ser tomada pensando na própria saúde e na das pessoas que fazem parte do convívio do fumante.
Cigarro eletrônico: inimigo perigoso
Embora o aroma, o sabor e o formato dos cigarros eletrônicos, popularmente conhecidos como vape, sejam diferentes dos convencionais, os riscos à saúde são os mesmos. Ainda que esteja disfarçado de algo recreativo, ele [cigarro eletrônico] também é derivado do tabaco e, por isso, causa a inalação de monóxido de carbono, alcatrão e tantas outras substâncias prejudiciais ao organismo. Além disso, pode conter nicotina.
Os principais riscos do consumo do cigarro eletrônico são as doenças respiratórias e cardiovasculares, como infarto, morte súbita e hipertensão arterial. Há, ainda, a possibilidade de o usuário contrair a doença pulmonar chamada Evali, sigla em inglês para lesão pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping. Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), os principais sintomas são tosse, dor torácica e dispneia, além de dor abdominal, náuseas, vômitos, diarreia, febre, calafrios e perda de peso.
O consumo de vape é fator de risco para diversos tipos de câncer, como pulmão, mama, boca, esôfago e pâncreas. Há tumores como o de bexiga, por exemplo, que o cigarro deixou de ser fator de risco e passou a ser fator causal.
Pelo fato de os cigarros eletrônicos serem mais populares entre adolescentes e jovens, os pais e responsáveis devem ficar atentos aos hábitos dos filhos. Como geralmente eles são pequenos, podem ser facilmente escondidos em estojos/bolsos e diferentemente do convencional, o modelo eletrônico não utiliza fogo, uma vez que funciona a bateria. Isso sem falar que é apresentado em diferentes formatos, como pen-drive e caneta. Além disso, a formulação inclui aditivos para saborizar a fumaça e mascarar os efeitos danosos do consumo.
Parar de fumar: a melhor opção
A melhor opção, tanto para o consumo dos cigarros eletrônicos quanto dos convencionais, é sempre parar de fumar. Quem deseja interromper o vício, mas não consegue fazer isso de forma autônoma, deve procurar a unidade de saúde mais próxima de casa ou do trabalho. O tratamento consiste em encontros individuais ou em grupo com médico e equipe. Durante esse caminho, será avaliado o grau de dependência do paciente em relação ao cigarro e a partir daí a necessidade de um plano terapêutico individual, de modo cognitivo-comportamental e medicamentoso, se necessário.
O mais importante, é que independentemente do tempo de vício/consumo, cessar o tabagismo trará benefícios indiscutíveis para o funcionamento pulmonar. Segundo o Instituto Nacional do Câncer, basta que o organismo fique 20 minutos sem tabaco para que a pressão sanguínea e a pulsação voltem ao normal. Após duas horas, já não haverá mais nicotina circulando no sangue e passadas 12 a 24h, os pulmões já funcionam melhor. A partir de um ano sem cigarro, o risco de desenvolver doença coronariana cai pela metade em relação a um fumante e já em 10 anos, as chances de diagnóstico de câncer de pulmão também caem 50%”.
Daiana Ferraz – Oncologista