Como manter a autoestima no tratamento contra o câncer de mama?

Apesar dos métodos atuais de tratamento contra o câncer estarem cada vez mais conservadores, sem muitos impactos para o corpo da mulher, a mastectomia, cirurgia de remoção parcial ou completa da mama [em alguns casos, além da mama, são retirados músculos e tecidos próximos que podem ter sido afetados pelo tumor], pode acontecer em alguns casos.

 

Nesta situação, nem é segredo dizer o quanto a mulher fica abalada. Acredito, inclusive, que um dos cânceres que mais afeta o emocional é, justamente, o de mama, afinal não estamos falando apenas do órgão propriamente dito. Quando trocamos a palavra mama por seio, há toda uma significância diferente. O seio, para nós mulheres, é um local do corpo extremamente simbólico, desde o âmbito libidinal, [já que ele não deixa de ser um órgão sexual], ao maternal, pelo fato de ser neste local em que a mãe alimenta o bebê recém-nascido permitindo que ele se desenvolva com saúde.

 

Isso sem falar que os seios dão a identidade feminina para a mulher. É o que, de fato, faz com que ela se sinta verdadeiramente feminina ao olhar para o espelho. Por isso quando qualquer paciente precisa ser operada ou passar por um processo de transformação em decorrência do câncer, acaba, naturalmente, percebendo essa mudança como uma mutilação na própria imagem, o que inevitavelmente traz sofrimento, angústia e dor.

 

Quando a doença chega neste ponto e, infelizmente, não é possível evitar o inevitável, o ideal é que a paciente seja assistida de forma integral pela equipe que a atende, ou seja, tenha o apoio não apenas clínico, por meio dos oncologistas, mas também emocional, com a ajuda de psicólogos, entre outros profissionais de saúde.

 

Se você, infelizmente, está passando por esse momento complicado, peço, gentilmente, uma dose extra de resiliência. Tente ressignificar suas dores e, sobretudo, olhar para esse corpo modificado de uma forma diferente. Tente, se possível, compreender sua a vida de uma nova maneira, a partir de agora. Tente compreender, também [e ser o mais otimista possível] que essa fase [sim, é só uma fase] é transitória, vai passar.

 

E não deixe de estar ao lado daqueles que verdadeiramente a amam. Uma rede de apoio traz segurança. Quando somos amparados, naturalmente temos mais forças para enfrentar as adversidades, além de conseguirmos lidar com o problema, seja ele qual for, de uma forma mais segura e amena.

 

Se porventura, você sentir, em alguns dias, que o fardo está pesado demais, não se culpe por demonstrar suas fraquezas. Todos nós, sem exceção, somos frágeis e vulneráveis diante das incertezas. O ano de 2020 está aí para não me deixar mentir. O importante é não achar que você deve, a todo momento, ter a força da Mulher Maravilha e nem se deixar sucumbir como uma folha frágil em meio à ventania.

 

                                                              Adriane Pedrosa – Psicóloga