Casos de câncer de mama em mulheres de até 50 anos crescem 45% no Brasil em uma década
Dados do painel DataSus revelam um aumento de 45% nos casos de câncer de mama em mulheres de até 50 anos no Brasil entre 2013 e 2024. No período, foram registrados mais de 22 mil novos diagnósticos anuais, evidenciando a crescente incidência da doença nessa população.
O aumento da incidência tem levado mais mulheres a se preocuparem com a saúde e realizarem exames preventivos. Fatores como obesidade, sedentarismo e o consumo excessivo de alimentos multiprocessados têm sido apontados como fatores de risco para o desenvolvimento de cânceres, incluindo o de mama.
A adesão à mamografia vem crescendo, o que demonstra uma maior conscientização sobre a importância da prevenção. A recente mudança na diretriz do Ministério da Saúde, que passou a recomendar a realização do exame “sob demanda” para mulheres entre 40 e 49 anos — antes restrita ao rastreamento bianual entre 50 e 69 anos. Essa atualização deve favorecer diagnósticos mais precoces, especialmente em mulheres com histórico familiar da doença ou fatores genéticos e hormonais.
Além do histórico familiar, mutações genéticas herdadas, como nos genes BRCA1, BRCA2 e TP53, podem aumentar significativamente o risco de desenvolvimento precoce do câncer de mama. Em pacientes jovens diagnosticadas com a doença, especialmente sem fatores de risco clássicos, o teste genético pode ser indicado para orientar o tratamento e medidas preventivas para familiares.
A influência de fatores hormonais exógenos, como o uso prolongado de contraceptivos orais e terapias de reposição hormonal. Embora as evidências ainda estejam em consolidação, há indícios de que a exposição hormonal contínua pode contribuir para o desenvolvimento da doença em mulheres predispostas, especialmente na presença de outros fatores de risco.
É cada vez mais comum atender pacientes com menos de 30 anos, muitas delas com dúvidas e preocupações sobre o impacto da doença em sua vida. O diagnóstico ainda causa forte abalo emocional, especialmente nas mulheres mais jovens, que temem pela vida e pela perda da feminilidade. Nesses casos, é essencial abordar questões de fertilidade, já que os tratamentos podem afetar a capacidade de gestar. É importante que elas recebam orientações sobre preservação da fertilidade, como a supressão ovariana medicamentosa e o congelamento de óvulos, para que possam tomar decisões conscientes sobre o futuro.
O câncer de mama em mulheres jovens também impõe desafios emocionais e psicossociais significativos. Aspectos como autoimagem, sexualidade, relacionamentos e planejamento de carreira ou maternidade precisam ser considerados. O acolhimento por uma equipe multidisciplinar, com suporte psicológico, nutricional, fisioterápico e reprodutivo, é essencial para garantir um cuidado integral e centrado na paciente.
Dra. Rafaela Lanza - Oncologista




