Câncer de mama supera o de pulmão e se torna o mais comum, segundo OMS

Neste Dia Mundial do Câncer, um alerta importante: os tumores de mama tomaram o lugar do câncer de pulmão e, agora, são a forma mais comum da doença, segundo dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) nessa terça-feira (2). O especialista em câncer da entidade, André Ilbawi, afirmou que a obesidade feminina é um fator de risco comum para esta neoplasia mais incidente em mulheres em todo o mundo e que também está elevando os números gerais da enfermidade.

 

Ainda segundo a OMS, à medida que a população global cresce e a expectativa de vida aumenta, o câncer deve se tornar mais comum, avançando dos 19,3 milhões de casos novos por ano em 2020 para cerca de 30 milhões em 2040.

 

Outra preocupação da Organização Mundial da Saúde na prevenção aos diversos tipos de cânceres, está relacionada à pandemia de coronavírus, que vem prejudicando o tratamento dos tumores em cerca de metade dos países analisados na pesquisa. A Covid-19, infelizmente, provocou um represamento dos diagnósticos devido a vários fatores, entre eles o medo das pessoas de irem aos consultórios fazer exames de rotina; ao afastamento de muitos cirurgiões, que deixaram de atender por pertencerem ao grupo de risco do coronavírus; e à interrupção dos atendimentos eletivos.

 

E a preocupação da OMS tem razão, pois somente nos dois primeiros meses da pandemia no Brasil, [março e abril de 2020] estima-se que entre 50 e 90 mil brasileiros tenham deixado de receber o diagnóstico de câncer, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO). Infelizmente esse cenário aponta para que a doença seja detectada em fase mais avançada e grave. E isso leva a uma consequência, infelizmente, inevitável: a mortalidade por neoplasias malignas deve ser maior nos próximos anos.

 

Para nível de comparação, apenas no Cetus Oncologia, o número mensal de pacientes teve queda de 47,2% entre março e abril de 2020, passando de 1878 para 991. Ao longo do ano a procura cresceu. Em dezembro, por exemplo, atendemos 1418 pessoas, mas ainda sim um índice muito aquém em relação a janeiro, quando a pandemia ainda não era realidade no Brasil. No primeiro mês de 2020, 2125 pacientes nos procuraram.

 

Conscientização

 

Após o caos e as incertezas que permearam 2020, médicos e pacientes foram aprendendo a lidar com a pandemia e encontraram formas seguras de seguir ou iniciar os tratamentos oncológicos com seus pacientes. Tudo, obviamente, com uma infinidade de protocolos. Algumas consultas, inclusive, foram adaptadas às plataformas virtuais, embora o tratamento presencial se mantenha necessário.

 

E nesse processo para que o paciente não interrompa sua caminhada em busca da cura, a família tem papel fundamental. É preciso que o paciente seja amplamente apoiado, principalmente porque muitos recebem o diagnóstico como se estivessem assinando um atestado de óbito. Por mais que a doença seja difícil, é preciso mudar esse estigma.

 

Hoje existem várias formas de tratamento, o que contribui para diminuir os estereótipos e mitos da doença. A imunoterapia, por exemplo, tem abarcado, cada vez mais, novos grupos de tumores e as pesquisas nessa área têm sido promissoras. Tumores que no passado eram intratáveis, hoje já não são mais. O diagnosticado com câncer não precisa temer, apenas ter a consciência de que quanto mais precoce for a descoberta da doença, maiores serão as chances de cura.

 

                                                  Charles Pádua – Diretor médico