Conheça os riscos de usar antibióticos de forma incorreta

O risco é que a ingestão indiscriminada desse tipo de medicamento, seja por escolha do paciente ou sob prescrição médica, possa causar uma série de efeitos colaterais como náuseas, vômitos, diarreia, reações alérgicas, entre outras condições.

 

Pensando nesses perigos, todos os anos a OMS promove, entre os dias 18 e 24 de novembro, a Semana Mundial de Conscientização Sobre o Uso de Antibióticos. O objetivo da ação é aumentar a conscientização sobre a resistência microbiana e incentivar as melhores práticas entre o público em geral, trabalhadores da saúde e formuladores de políticas para prevenir o surgimento e a propagação de microrganismos resistentes aos antimicrobianos.

 

O primeiro ponto importante que deve ser considerado sobre os antibióticos, prescritos para tratarem diversas infecções bacterianas, é que a venda só pode ser realizada mediante apresentação e retenção da receita médica. Além disso existe um registro pelo Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC) através do qual toda farmácia ou drogaria, responsável por ofertar o medicamento, deve fazer um registro de uso e venda, tanto de quem comprou quanto do remédio utilizado. Essa medida é necessária para coibir a comercialização indiscriminada e melhorar a eficiência e segurança no processo dos registros de movimentação de compras e vendas de remédios com retenção de receita.

 

É importante também que o uso do antibiótico, após comprado, seja feito de forma correta. Se o medicamento é prescrito de oito em oito horas e o paciente deixa de cumprir esse horário atrasando a segunda dose em 60 minutos, ele deve recalcular as próximas oito horas para as doses subsequentes, a partir do novo horário em que tomou o remédio e não a partir da programação inicial.

 

Outro risco do uso incorreto de antibióticos acontece quando o paciente resolve interromper o tratamento antes que seu ciclo se complete por deixar de sentir os sintomas logo nas primeiras doses. Mais grave ainda é ele retomar o uso por conta própria após os sintomas voltarem. Essa atitude pode fazer com que as bactérias fiquem resistentes à ação do medicamento. Como resultado, eles se tornam ineficazes e as infecções persistem no organismo, sendo necessário a prescrição de outras classes de antibióticos para combater a doença.

 

Também é necessário consultar o farmacêutico sobre qual a melhor forma de tomar o antibiótico. Se, por exemplo, com o estômago cheio ou vazio, e qual a quantidade de água que deve ser usada. O ideal é um copo cheio d’água de aproximadamente 200ml.

 

Por fim não posso deixar de fazer um alerta sempre válido: o risco das interações medicamentosas entre antibióticos e demais remédios utilizados no tratamento de pacientes com doenças, como câncer, diabetes, hipertensão arterial, enfermidades respiratórias crônicas, entre outras. Um paciente com câncer, por exemplo, diagnosticado com uma infecção bacteriana, que irá fazer uso de antibiótico, deve se submeter a avaliação de possível interação medicamentosa, processo que ocorre quando os medicamentos utilizados no tratamento oncológico e aquele que será utilizado para tratar a infecção bacteriana interagem entre si. Essa ‘mistura’ pode ocasionar em perda de eficácia ou potencialização do efeito de algum deles, o que impacta no tratamento. O farmacêutico pode auxiliar na identificação das possíveis interações e avaliar, junto ao médico, a melhor conduta terapêutica.

 

                                Cláudia Fonseca, coordenadora de farmácia