Os perigos do autodiagnostico na internet

Acredito que esse crescimento se deve possivelmente ao imediatismo das pessoas, principalmente entre os jovens, que têm mais acesso aos meios digitais, o que pode ser comprovado, inclusive, pela pesquisa mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em dezembro de 2018. Segundo o órgão, pela primeira vez, praticamente dois terços da população do país (69,8%) passaram a ter conexão com a internet. Deste total, 97% acessam a web com o smartphone. Logo, fica mais fácil obter informação de todo e qualquer tipo.

 

O perigo, porém, mora no risco que o autodiagnostico traz consigo. Isso porque a enorme variedade de fontes de consulta no ambiente virtual pode fazer com que o usuário receba informações erradas e com isso comprometa ou negligencie seu tratamento. Também é importante dizer que na internet qualquer um pode ter a chancela de ‘médico’ e escrever sobre tudo, sem necessariamente ter conhecimento técnico/acadêmico sobre o que está falando. Algo que é lido na web, e que não é verdade, pode até mesmo gerar pânico no paciente, ainda mais no caso do câncer, que é cercado de mitos. Com isso, ele pode acreditar erroneamente que seu caso é mais grave do que parece ou o contrário, que seu quadro é leve e sem riscos, sendo que na verdade a situação é oposta. Por isso, o melhor a fazer, diante de qualquer sintoma, é consultar um médico de confiança.

 

A mesma regra vale para as soluções da medicina natural. Muito se fala, atualmente, sobre os alimentos e plantas capazes de curar determinados tipos de câncer. Acreditando nessas informações, várias pessoas deixam de buscar tratamento clínico e recorrem à internet para encontrar esperanças de cura nestes métodos alternativos, o que pode ser perigoso. Embora os produtos naturais auxiliem na reposição de deficiências de vitaminas e minerais, devem ser complementares ao tratamento convencional, se necessário, e não substituí-lo.

 

Que fique bem claro: não quero colocar a internet como vilã. Ela pode ser uma aliada do paciente, desde que bem usada. Prova disso é que muitos [pacientes], hoje em dia, têm o whatsapp do médico para consultá-lo diante de dúvidas. O que não pode acontecer é essa figura humana do profissional de saúde ser inteiramente substituída por mecanismos de buscas como o Google. É o médico quem deve tomar todas as condutas do tratamento do paciente, ou seja, norteá-lo.

 

Por fim, uma dica para você que não abre mão de buscar informações sobre doenças na web, é recorrer aos grandes portais, que possuem maior credibilidade, além dos canais oficiais da medicina, como sites da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, INCA (Instituto Nacional de Câncer), Sociedade Brasileira de Cancerologia, entre outros.

 

                                                     Bruno Muzzi – Oncologista clínico