INCA estima mais de 6.500 novos casos de câncer de ovário em 2022

O mês dedicado às mães também traz um importante alerta para o cuidado com a saúde da mulher. Maio é marcado por uma campanha mundial de conscientização do câncer de ovário, doença que, na maioria dos casos, tem diagnóstico tardio. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca), esse é o segundo tipo de tumor ginecológico mais comum, atrás apenas do câncer de colo do útero. Ainda conforme a entidade, a estimativa é que só neste ano sejam diagnosticados 6.650 novos casos da enfermidade. O maior dos problemas desta neoplasia se dá pelo fato de que muitas pacientes não apresentam sintomas em estágios iniciais da doença, dificultando, assim, o diagnóstico precoce.

Os sinais apresentados, na maior parte dos casos, aparecem apenas quando a doença já está em estágio mais avançado. Acúmulo de líquido abdominal, a denominada ‘ascite’, dor e aparecimento de um tumor pélvico, além de alterações gastrointestinais são possíveis indícios de que a neoplasia possa já estar instalada.

Não existe nenhum tipo de exame de rastreamento para a população em geral, que permite detectar o tumor, ao contrário de outros cânceres, como o de mama e próstata. Quando temos suspeita [da doença], podem ser feitos alguns exames de imagem, dentre eles a tomografia, ressonância e o ultrassom endovaginal, que auxiliam no diagnóstico. Além disso, fatores essenciais para a descoberta são a biópsia e alguns exames de sangue, como o marcador tumoral CA125.

Em relação aos fatores de risco, idade avançada e mutações de herança familiar são os principais para a doença. Pacientes com histórico familiar de câncer de mama e ovário precisam ser investigadas para averiguar uma mutação genética, como as alterações em genes de recombinação homóloga do DNA (BRCA1/2, dentre outros), que, quando identificadas representam uma maior probabilidade para o desenvolvimento da neoplasia. Nesses casos, pode-se discutir então a realização da cirurgia profilática, a “salpingooforectomia e mastectomia bilaterais”, para a retirada dos ovários e mamas preventivamente. Contudo, a tomada de decisão para a realização deste tipo de procedimento envolve análise de diversos profissionais que estarão acompanhando o caso (oncologista, ginecologista, cirurgião e geneticista, por exemplo).

Entre outros fatores de risco associados ao câncer de ovário estão uma maior exposição a hormônios (menarca precoce ou menopausa tardia), pacientes sem filhos (nuliparidade) e síndromes genéticas como a Síndrome hereditária de câncer de mama e ovário e a síndrome de Lynch, condição genética hereditária que aumenta o risco de desenvolver tumores como o de cólon, endométrio e outras neoplasias.

Uma vez identificada a doença, o tratamento dependerá do estágio em que em que ela se encontra, contudo, na maioria dos casos é necessária a realização de cirurgia seguida por algum tipo de quimioterapia acompanhada de uma terapia de manutenção, com uso de medicamentos orais, ou até mesmo a ‘quimio’ isolada. Tudo é discutido caso a caso, de acordo com o perfil da paciente. Sempre é recomendada uma avaliação de um médico oncologista para a escolha do tratamento ideal.

Prevenção

Como a doença é difícil de ser identificada logo no início e muitas vezes se desenvolve de forma silenciosa, é essencial que as mulheres fiquem atentas a qualquer alteração no corpo e observem a presença de fatores de risco. Além disso, devem manter uma alimentação balanceada, rotina de exercícios e controle do peso. Esses hábitos saudáveis ajudam, inclusive, a prevenir outros tipos de cânceres. Também é imprescindível manter o acompanhamento médico periódico, principalmente a partir dos 50 anos. Se há casos da doença na família, o ideal é procurar um profissional médico para orientações acerca de opções de rastreamento e prevenção.

Daniella Pimenta – Oncologista Clínica