Alimentação pobre em fibras pode provocar câncer de intestino

A cada ano, mais de 40 mil novos casos de câncer colorretal, também conhecido como câncer de cólon e reto ou intestino, surgirão no Brasil segundo calcula o Instituto Nacional de Câncer (Inca). No país, este já é o terceiro tipo mais comum de tumor e atinge principalmente pessoas com mais de 50 anos, sedentárias e com hábitos alimentares baseados em comidas processadas.

Neste mês é realizada a campanha Março Azul Marinho, que tem por objetivo a conscientização da população sobre a prevenção e combate à neoplasia.

Segundo estudos da literatura recente, uma das possíveis causas da enfermidade está atrelada ao baixo consumo de fibras, como frutas, leguminosas, vegetais, grãos, farelos e sementes. As chamadas fibras insolúveis, por exemplo, encontradas nos pães integrais, cereais, cenouras, couve e na casca da maçã, aumentam o trânsito intestinal, diminuindo a constipação. Quando a dieta é pobre nesse importante nutriente, à medida que a pessoa evacua, a tendência é o acúmulo de materiais na parede do intestino, que vão provocando uma inflamação crônica e a partir daí o paciente desenvolve o adenoma (tumor benigno) para depois o adenocarcinoma (tumor maligno).

Outros sintomas do tumor incluem diarréia, intestino preso, sangue nas fezes e dor/inchaço abdominal. Países desenvolvidos, como os Estados Unidos, tendem a apresentar maior número de novos casos da doença a cada ano. Entre os norte-americanos, com população em torno de 300 milhões de habitantes, a estimativa é de surgimento de 150 mil novas confirmações anuais. Como o Brasil tem melhorado, progressivamente, sua condição socioeconômica nas últimas décadas - e com isso as pessoas têm passado a comer mais alimentos industrializados e ultra processados, deixando as fibras de lado - a perspectiva, infelizmente, é de aumento dos diagnósticos.

Prevenção

É fundamental que pessoas a partir dos 45 anos incluam a colonoscopia entre os exames preventivos para o câncer de intestino. O método, segundo ela, considerado o mais eficiente para diagnosticar pequenas lesões (pólipos) na região intestinal antes mesmo que elas se tornem neoplásicas, permite a visualização de todo o intestino grosso, além da parte final do intestino delgado, por meio de um aparelho flexível com iluminação e uma câmera na extremidade. Por ser realizado geralmente sob sedação endovenosa, o paciente também conta com o benefício de não sofrer nenhum desconforto ao realizar o procedimento. Durante a avaliação é possível, inclusive, retirar os pólipos sem a necessidade de cirurgia. Se nada de anormal for encontrado, o ideal é fazer uma nova avaliação a cada cinco anos. Porém, diante da constatação de um adenoma, precursor do câncer colorretal, o indicado é repetir a colonoscopia no ano seguinte.

Ignorar a necessidade da colonoscopia aumenta consideravelmente as chances de descobrir o tumor não só em estágio avançado como também de metástase (disseminação da doença para outros órgãos do corpo). Vale destacar que o estágio da enfermidade é fator determinantes de seu prognóstico.

Nara Andrade, Oncologista