Maio Cinza: Câncer de cérebro ocupa o 10° lugar dos tumores que mais causam mortes no Brasil

A campanha Maio Cinza tem por objetivo destacar a importância da conscientização sobre o câncer de cérebro e do Sistema Nervoso Central (SNC). Segundo informações do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de do Sistema Nervoso Central representa de 1,4 a 1,8% dos todos tumores malignos no mundo, e cerca de 80% dos tumores SNC são no cérebro. No Brasil, o câncer de cérebro representa cerca de 4% dos casos, ocupando o 10° lugar dos tumores que mais causam mortes.

Esse tipo câncer é relacionado àqueles tumores que têm origem no Sistema Nervoso Central, seja na região do encéfalo, que compreende o cérebro e cerebelo, ou na região da medula espinhal, onde temos os nervos que saem do cérebro e descem pela coluna para se comunicar com os outros órgãos.

Esses tipos de tumores têm uma gravidade variável. Quando se tem tumores mais indolentes (aqueles de mais baixo grau, que se desenvolvem mais devagar, podendo acometer pessoas mais jovens), normalmente são de melhor prognóstico, ou seja, tem melhores taxas de sobrevida e resposta aos tratamentos empregados. Porém, infelizmente, há também tumores mais agressivos, como os gliomas de alto grau, por exemplo, o glioblastoma multiforme, que hoje em dia é chamado de glioblastoma grau 4 pela OMS. Ele tem um pior prognóstico e, geralmente, acometem pessoas mais idosas.

Os sintomas mais comuns do câncer de cérebro são: crises convulsivas ou dor de cabeça (cefaleia), que normalmente são persistentes e com a piora progressiva, dificuldade de fala ou de movimento, algum tipo de dormência, parestesia nas mãos ou nos pés, principalmente se for unilateral. Pessoas que não têm costume de ter dores de cabeça ou enxaquecas, caso apresente qualquer um desses sintomas, devem se atentar e procurarem atendimento médico, especialmente se tiverem mais do que 50 anos.

Os fatores de risco são variáveis, mas os principais seriam: a idade avançada, sobretudo acima dos 60 anos, histórico familiar, e exposição prévia à radiação. Sabemos, também, que algumas doenças genéticas podem aumentar a probabilidade de tumores cerebrais, porém, isso é mais raro. O diagnóstico da doença é feito através de um conjunto de fatores. A junção da clínica com métodos de imagem, como tomografia e a ressonância magnética, a biópsia com a imunoistoquímica, além de alguns paineis moleculares, que auxiliam a diferenciar um subtipo tumoral do outro.

Percebemos que, quando se tem gliomas de mais baixo grau, grau 1 ou 2, a sobrevida é de muitos anos. Agora, quando o paciente tem tumores grau 3 ou 4, a sobrevida é mais curta. No caso do glioblastoma, a sobrevida mediana pode chegar a quase 2 anos com os tratamentos mais modernos. No entanto, infelizmente, há pessoas que evoluem de forma desfavorável e tem uma mortalidade mais precoce.

Pacientes que desenvolvem tumores do Sistema Nervoso Central e Câncer de cérebro, devem ter um acompanhamento multiprofissional para uma melhor qualidade de vida. Especialistas como neuro-oncologistas (profissionais oncologistas, neurocirurgiões e oncologistas capacitados que são subespecialistas na área), neurologistas, nutricionistas, fisioterapeutas, farmacêuticos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e enfermeiros, são muito importantes. O paliativista também é valioso, principalmente para pacientes que tenham risco maior de mortalidade relacionado ao câncer, ou quando tem uma doença mais avançada. A equipe multiprofissional, auxilia nos ajustes de medicamentos, reconciliação medicamentosa, sobretudo em pacientes que tem crises convulsivas, contribuem para melhorias nos déficits neurológicos e ajudam no cuidado integral ao paciente. O cérebro é o nosso órgão mais nobre, então, devemos utilizar todas as armas que possuímos para cuidarmos de nossos pacientes de forma multiprofissional e especializada, e assim termos os melhores desfechos e resultados.

 

Dra. Daniella Pimenta, Oncologista