Câncer de Cabeça e Pescoço: Minas Gerais registrou mais de 22 mil casos da doença nos últimos cinco anos

Neste mês, a campanha Julho Verde intensifica os alertas sobre a importância da prevenção e detecção precoce dos cânceres de cabeça e pescoço, que atingem órgãos como boca, língua, gengivas, faringe, laringe, tireoide, cavidade nasal, seios paranasais e glândulas salivares. Entre o período de 2019 e 2024 Minas Gerais registrou mais de 22,7 mil casos da doença e 8.645 mortes, segundo a Secretaria de Estado de Saúde (SES-MG).

Esse tipo de câncer atinge, em sua maioria, homens acima de 50 anos, porém vem crescendo o número de mulheres acometidas pela doença, causada, em grande parte, pelo consumo exagerado de cigarros e bebidas alcoólicas. Além disso, a infecção pelo vírus HPV (papilomavírus humano), pode contribuir para o desenvolvimento da doença. Dificuldade de deglutição, rouquidão, comprometimento do olfato e paladar, além de halitose (mau hálito persistente), tosse e falta de ar estão entre os principais sinais e sintomas deste conjunto de tumores. Importante destacar ainda o aparecimento de gânglios linfáticos no pescoço.

Esse é o quinto tipo de câncer mais incidente no Brasil, mas seu índice de cura pode chegar a 90% se tratado precocemente. O diagnóstico se dá através de biópsia, que pode ser do gânglio aumentado ou de alguma lesão/ferida na língua e/ou boca que não se cicatriza, além de exames locais como a fibronasolaringoscopia, realizado através de um aparelho com uma fibra ótica que é passado pelo nariz para fazer uma avaliação da região.

 A biópsia pode ser feita tanto por um cirurgião de cabeça e pescoço ou, em alguns casos, por um dentista, que, também tem papel fundamental na detecção das lesões.

Diante de qualquer lesão no lábio e na cavidade oral que não cicatrize em até 15 dias, é fundamental procurar uma unidade básica de saúde para a devida avaliação. O problema é que em muitos casos, o tumor, infelizmente, é diagnosticado em uma fase mais avançada, onde já há metástase nos linfonodos, que são os gânglios linfáticos do pescoço. Nesses casos pode ser necessário um tratamento combinado, com quimio e radioterapia, não sendo mais eficaz apenas a cirurgia, usada em casos mais iniciais.

Tivemos uma aprovação recente para uso de imunoterapia e temos ainda pesquisas em andamento para de-escalonamento de tratamentos em casos relacionados ao HPV ou escalonamento com a adição de imunoterapia ao tratamento padrão de quimiorradioterapia convencional.

A principal forma de prevenção é não fumar, nem consumir bebidas alcoólicas. Além disso, a vacina contra o Papilomavírus Humano (HPV) também ajuda a prevenir os casos que se desenvolvem relacionados ao vírus.

 

Daniella Pimenta, Oncologista