Pessoas com diabetes tipo 2 têm mais chances de morrer de câncer

O Dia Nacional do Diabetes, celebrado em 14 de novembro, é uma ocasião importante para conscientizar sobre essa condição médica crônica e seus impactos na saúde das pessoas. Como cardiologista, é fundamental reconhecer a relevância dessa data, uma vez que o diabetes está intrinsecamente ligado às doenças cardiovasculares.

O diabetes é uma condição metabólica que afeta a maneira como o corpo regula o açúcar no sangue. Quando não controlado adequadamente, os níveis elevados de glicose no sangue podem causar uma série de complicações, incluindo problemas graves de saúde cardiovascular. Como tal, é imperativo que as pessoas com diabetes e seus profissionais de saúde estejam atentos à saúde do coração.

O risco de doenças cardíacas é substancialmente maior em pessoas com diabetes. A hiperglicemia crônica danifica os vasos sanguíneos e prejudica o funcionamento do sistema cardiovascular. Isso pode levar a complicações como hipertensão, aterosclerose, acidentes vasculares cerebrais (AVCs) e doença arterial coronariana. Além disso, a diabetes também aumenta o risco de doenças como a insuficiência cardíaca.

É crucial enfatizar a importância do controle rigoroso dos níveis de açúcar no sangue e da adoção de um estilo de vida saudável. Isso inclui uma dieta balanceada, atividade física regular, abandono do tabagismo e acompanhamento médico frequente. O gerenciamento eficaz do diabetes não só melhora a qualidade de vida, mas também reduz o risco de complicações cardiovasculares. É necessário, principalmente, manter o bom controle dos níveis de glicose no sangue, seja através de medidas não farmacológicas (reeducação alimentar e atividade física), assim como através do uso de medicamentos específicos para este controle. Além da avaliação médica periódica que é fundamental.

Diabetes agrava o risco de câncer

De acordo com um levantamento feito pela Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), as mortes relacionadas ao câncer são consequências, em pelo menos um terço dos casos, de riscos comportamentais alimentares, como alto índice de massa corporal (IMC), baixo consumo de frutas e vegetais, falta de atividade física e uso de álcool e tabaco, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (Opas). Além disso, outra pesquisa publicada no Diabetologia - jornal da Associação Europeia para o Estudo de Diabetes - mostra que pessoas com diabetes tipo 2 têm mais chances de morrer da doença do que aquelas que não são diagnosticadas com a enfermidade.

A inflamação crônica, comum no diabetes pode influenciar o desenvolvimento do câncer. Também, a resistência à insulina pode aumentar a produção de insulina e fatores de crescimento, que estimulam o crescimento celular.

Os tipos de câncer mais comuns em pessoas com diabetes incluem o câncer de fígado, pâncreas, colorretal, mama e bexiga. O controle adequado do diabetes é essencial para reduzir o risco de câncer, manter os níveis de glicose no sangue dentro das metas, através de medicamentos, dieta e exercício, pode ajudar a diminuir a influência da diabetes no desenvolvimento de câncer.

Vale ressaltar a importância dos exames para detecção precoce do câncer em pessoas com diabetes. Realizar os exames de rastreamento recomendados, como mamografias, colonoscopias e exames regulares para câncer de pele, é importante para identificar o câncer em estágios iniciais. Além disso, é fundamental estar atento a qualquer sintoma incomum e informar o médico prontamente.

Rodrigo Lanna, Cardiologista Semper e Daiana Ferraz, Oncologista Cetus.